terça-feira, outubro 21, 2008

Robots PARO fazem companhia aos pacientes em hospitais


http://paro.jp/english/about.html

Robots PARO fazem companhia aos pacientes em hospitais

Não é apenas na foto que os robôzinhos PARO parecem fofinhos... eles são mesmo uma gracinha e interagem com as pessoas a partir de um sensor de presença e calor corpóreo!

O maior "hit" do momento para acompanhar bebezinhos em U.T.I.s e doentes que estão em isolamento devido à alguma patologia de alto contágio: PARO fazem companhia e emitem grunhidos de alegria ao receber reciprocidade do "dono" acamado:
interessante, não?!?

Leia mais em:
http://paro.jp/english/about.html

sábado, outubro 11, 2008

Merchandising no Ponto-de-Venda

MERCHANDISING: ESTUDO DE CASO DO HORTIFRUTI MERCADO VALQUEIRE
Elaborado por
Sheila Paes
Maria Andrezza e
Priscilla Pimentel

Trabalho sobre Promoçao & Merchandising apresentado à Graduação em Marketing da Universidade Estácio de Sá cumprindo as determinações parciais de AV2



Introdução



A empresa escolhida para a realização do trabalho foi o Hortifruti Mercado Valqueire por ser uma empresa consolidada e com um histórico e evolução que impressionam ao longo de mais de dez anos.

Em conversa com o idealizador e responsável pela área de Marketing da empresa, Jorge Faria Junior, descobrimos que o Hortifruti Mercado Valqueire surgiu de uma rede familiar. Eram sete pequenas empresas, todas no ramo de hortifute. À aproximadamente sete anos, todas as lojas foram vendidas para que fosse dado início ao investimento em Vila Valqueire, pois, segundo pesquisas, era um bairro carente de estabelecimentos neste segmento.

Após passar por cinco processos de obras o Hortifruti Mercado Valqueire tornou-se o “xodó” do bairro e tem como público-alvo as classes A, B e C, que o consideram o melhor da região. Desta forma, seus idealizadores não escondem o desejo de se tornarem uma rede na mesma linha de trabalho.

Neste momento, o estabelecimento oferece um mix de 16.000 a 18.000 produtos cadastrados para suprir às necessidades de seus consumidores e uma linha de produtos de panificação próprios, manipulados e embalados pela Empresa.
Além disso, seus responsáveis mostram-se bastante preocupados com a utilização do Marketing, acrescentando toda necessidade de investimento em Merchandising, que é muitas vezes financiado e apoiado pelos fornecedores e distribuidores que disponibilizam todo material promocional necessário.

1.0 – CENÁRIO MERCADOLÓGICO: quanto ao layout da loja.



1.1 – ESTRATÉGIA PROMOCIONAL: prateleiras e gôndolas


Com relação ao posicionamento, as prateleiras têm altura ideal que não passa de 1,80m, porém, notamos que se utilizam os pontos negativos abaixo de 50 cm do chão e 40 cm no início e no fim das gôndolas, desobedecendo a regras básicas do merchandising, pois acabam “escondendo ou isolando” alguns produtos. Além disso, são utilizadas pontas de gôndola como ferramentas promocionais e para divulgação de novos produtos.
Verificamos em todo mercado que a arrumação das prateleiras é disposta das três formas estudadas: verticalização, horizontalização e em blocos. Todas acompanhadas pelo rodízio PEPS (Primeiro que entra é o primeiro que sai). Todas as prateleiras contêm preço e descrições corretas dos produtos as quais estão relacionadas.

1.2 –MECÂNICA PROMOCIONAL: Embalagens e Sacolas


A mecânica promocional também envolve a divulgação através das sacolas são comuns de plástico com a logomarca do mercado e contêm as informações necessárias aos consumidores como: capacidade em quilos e telefone para atendimento aos clientes.

Existe uma preocupação com o meio ambiente, portanto já faz parte de projetos futuros a troca das sacolas de plástico por aquelas reutilizáveis de pano que não agridam a natureza.
O mercado também envia todo seu papelão e plástico para o centro de reciclagem (CRR) e em breve instalarão pontos de coleta de alguns materiais, como: pilhas, garrafas pets, entre outros.

O Hortifruti Mercado Valqueire
manipula e embala seus produtos de panificação, no entanto essas embalagens são adquiridas com um fornecedor terceirizado e não contém a logomarca do mercado, isto fica por conta de uma etiqueta adesiva colada nas embalagens dos produtos com informações de preço, validade, valor calórico, etc.

1.3 – Arrumação da loja


Desde a fachada da loja percebemos o conceito da empresa, com o uso de imagens e as cores da marca (azul, verde e branco).

A porta de entrada é ampla e não encontramos nenhum tipo de promoção nos quatro primeiros metros da loja, o que é correto já que este espaço é considerado um ponto negativo. E logo ali, vimos mini-carrinhos de mercado, junto aos carrinhos convencionais, com certeza para que as crianças sintam-se à vontade em ir às compras com os pais e desta maneira, o mercado acaba incentivando as vendas por impulso.
Dentro do estabelecimento existem grandes painéis conceituais com imagens de bem-estar, famílias e alimentos, reforçando sempre o conceito da marca: “aqui você é importante”.
Não foi observado o conceito de nenhuma data comemorativa, pois a visita técnica ocorreu num período fora do calendário sazonal.
O local é limpo e bem iluminado, inclusive o setor de hortifruti, onde o uso de boa iluminação juntamente com a psicologia das cores deixa os alimentos sempre com aspecto fresco. No entanto, a luz usada para as frutas e legumes não é diferente da iluminação do restante da loja.

Durante a visita escutamos relaxantes canções que tornam as compras muito mais agradáveis... Nossa avaliação ao entrevistar o responsável do Hortifruti & Mercado descobriu que é paga uma taxa mensal ao ECAD (Escritório de Arrecadação e Distribuição - órgão regulador dos direitos autorais) para garantir esse direito do uso desta seleção musical.

Notamos a falta de um espaço de conveniência para distração dos clientes, talvez, por conta da falta de espaço. Por esse motivo, também, os corredores não são tão largos como deveriam, mas são suficientes para acomodar o público diário que passa por ali.

As vitrines de alimentos frios são bem iluminadas e precificadas, além de limpas e muito bem organizadas. Assim como, as gôndolas que são todas da mesma altura e divididas em setores e temas, sempre buscando estimular a venda por impulso (como no caso dos produtos de limpeza que ficam no mesmo setor, assim quem compra sabão em pó levará água sanitária, o alvejante e o amaciante) e o cross merchandising, quando, por exemplo, coloca-se o macarrão, o extrato de tomate e o queijo ralado na mesma seção.
Em toda loja observamos exposições promocionais, como as faixas de gôndola, móbiles e cartazes, além dos pontos extras junto ao caixa e nas pontas de gôndolas. Um dos pontos extras do qual sentimos falta foram as ilhas de produtos, no entanto, quando questionado sobre isso, o responsável da loja foi bastante educado ao esclarecer que prefere investir em outros pontos para não dificultar o livre acesso dos clientes pelos corredores, já que falamos de um mercado e não de um hipermercado.

1.4 – Apresentação dos funcionários


Com relação à padronização do uniforme dos funcionários, esta é feita por setor. Assim, funcionários do açougue têm os uniformes iguais entre si, porém diferente do uniforme dos repositores que, por sua vez, têm os uniformes iguais, mas diferentes das atendentes do checkout, etc.
Além disso, seus nomes não estão presentes no uniforme, fato que foi recebido pelo responsável como uma grande sugestão.

Todos os colaboradores do Hortifruti Mercado Valqueire passam por treinamentos técnicos e motivacionais realizados por uma equipe própria de Recursos Humanos, o que podemos perceber na prática, já que fomos muito bem recebidas e atendidas por todos.

O responsável pelo estabelecimento nos informou que existe todo um trabalho de endomarketing sendo realizado na empresa, que promove sorteios de brindes e a escolha de um funcionário do mês como estratégia motivacional, além de transmitir a todos o interesse que a empresa tem com a comunidade na qual está inserida, contratando e treinando moradores do próprio bairro. E acrescentou também, que toda etapa de merchandising trazida pelos fornecedores, recebe a ajuda dele e dos colaboradores para sua confecção e realização.

1.5 – Padronização do Ponto-de-venda


Não há padronização, pois se trata de uma loja única.

1.6 – Promoção de vendas


O mercado tem parcerias com fornecedores para o oferecimento de brindes, sampling (distribuições de amostras grátis para clientes) e degustações. Além disso, existem as promoções realizadas pela própria empresa como, por exemplo, a distribuição do Anuário da Mulher a cada R$ 100,00 em compras e a seleção de dois dias da semana (terças e quintas) com promoções dos produtos hortifrutigranjeiros.

O Hortifruti Mercado Valqueire busca sempre oferecer serviços diferenciados a seus clientes, como a solicitação de compras via telefone e entregues em domicílio por carros terceirizados, cobrando apenas uma pequena taxa ao cliente.

2.0 - Quanto ao atendimento



2.1 - Equipe de vendas e gerência


O Hortifruti mercado Valqueire, possui uma equipe de vendas e gerência muito bem treinada e motivada por um setor de RH próprio do supermercado.
Na loja todos os colaboradores trabalham devidamente uniformizados sempre bem apresentáveis e limpos, deixando claro o conceito de higiene já que todos eles executam o atendimento direto ao consumidor, porém sem identificação de nomes (crachás), como citado no item 1.4.

Na visita técnica ao supermercado não foi observado à presença de empacotadores; mas sim de pessoas não contratadas, que tentam executar o trabalho.
A preocupação com o sistema de reposição é constante. Existem repositores preparados para manter gôndolas e estoque sempre organizados, utilizando-se do sistema PEPS.
Gostaríamos de ressaltar a solicitude com a qual fomos recebidas pela gerência, direção e demais funcionários.


2.2 - Formas de pagamento.



Os pagamentos das compras no Hortifruti Valqueire são efetuados em moeda corrente, cartões de débito e crédito, diretamente nos caixas. Eles não possuem um cartão próprio da loja, mas segundo a direção já esta em estudo a existência de um.


3.0 - Quanto à publicidade e promoção



3.1 - Investimentos em publicidade? São feito de que forma?


Como dito anteriormente o Hortifruti Mercado Valqueire, é uma loja de bairro o investimento em publicidade é feito através de meios de comunicação regionais.
São utilizados como meios de comunicações: carros de som que circulam nas ruas do bairro, eles são adesivados e anunciam as ofertas do dia. Encartes com as ofertas semanais são distribuídos no interior da loja e pelas residências do bairro. Também são feitos anúncios nos jornais, revistas e rádio locais.

Os serviços de locução e o web site ainda não estão disponíveis para os consumidores, mas segundo informações de, Jorge Faria Junior, diretor da loja , tais serviços já estarão sendo elaborado e disponibilizados até no máximo dezembro deste ano.


3.2 - Os veículos de comunicação


Os veículos de comunicação desde o encarte ao carro de som são extremamente adequados e bastante eficientes, eles suprem as necessidades do estabelecimento, que como dito anteriormente, trata-se de uma loja de bairro.

Os investimentos nos meios de comunicação têm aumentado consideravelmente a visibilidade do mercado, com isso a direção tomou um medida um tanto quanto ousada, decidiram aumentar a verba disponível para publicidade e estão investindo em outdoor, no bairro e busdoor, nas linhas de ônibus que circulam pela região de Vila Valqueire.

3.3 - Calendários promocionais


Anualmente é elaborado um cronograma, contendo as promoções sazonais, do calendário anual.
Além das promoções semanais de produtos de hortifrutigranjeiros do mercado, a cada período é feita uma campanha para aumentar a venda de determinados produtos, pertinente a época do ano.
“Queremos matar a sede das pessoas” afirma o supervisor Jorge Junior, referindo-se ao aumento das vendas de bebida e carne, nos períodos de Carnaval, Férias e Natalino.

Considerações Finais



Após a visita técnica e elaboração deste trabalho, percebemos como funciona, na prática, o estudo e aplicação do merchandising no ponto-de-venda e a sua imensa importância para uma Empresa.
Pode-se concluir que desde a escolha do estabelecimento até a confecção final do trabalho aprendemos muito sobre o cotidiano de um profissinal de merchandising que atua hoje no mercado de trabalho. Foi notória a importância da visita ao ponto-de-venda para visualizarmos o funcionamento e aplicação das técnicas aprendidas em sala de aula.


Vale ressaltar a relevância deste estudo para nossa vida profissional e particular, pois foi empolgante conhecer a história do Hortifruti Mercado Valqueire desde o seu planejamento até os dias atuais, quando deixou de ser um estabelecimento familiar, para se tornar uma empresa com toda força e potencial que o mercado exige para continuar crescendo e realizar o sonho da Família Faria e de seus funcionários de se tornarem uma grande e importante rede de mercados.

Merchandising no Ponto-de-Venda --Anexos: slides 1 a 4--




Merchandising no Ponto-de-Venda --Anexos: slides 5 a 8--




sexta-feira, outubro 10, 2008

Novas normas éticas para a publicidade de produtos destinados a crianças e adolescentes e anúncios de alimentos e refrigerantes

Estão em vigor novas normas para regular a publicidade de produtos para crianças e adolescentes, visando, certamente, coibir inúmeros abusos praticados por empresas (alimentos, brinquedos, bebidas etc ).


FONTE: http://www.conar.org.br/html/novas_normas/index.htm

Por uma comunicação estratégica e cidadã

COMPONENTES DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

O discurso é sempre o mesmo: a comunicação é estratégica e os executivos de comunicação das nossas organizações participam ativamente do processo de tomada de decisões.
          À primeira vista, parece que faz sentido. Pesquisa realizada pelo Instituto Databerje revela que, em quase 50% das empresas consultadas, os profissionais de comunicação ocupam cargos de diretor, superintendente ou gerente. Ou seja, estão no alto escalão das organizações. Mas a conclusão não é tão óbvia assim como parece.

          Em primeiro lugar, no caso específico da pesquisa do Databerje, a amostra não é representativa do universo brasileiro, não só quantitativamente (foram ouvidas menos de 120 empresas, provavelmente entre as associadas da Aberje), mas qualitativamente (certamente, as grandes empresas). Qualquer pessoa, com conhecimento mínimo de estatística, não saudaria ou pelo menos não generalizaria os resultados de uma pesquisa com este perfil e esta amplitude.

          Em segundo lugar, ocupar cargo não significa tomar decisão. Mesmo presidentes de subsidiárias de empresas multinacionais no Brasil mandam pouco quando se trata de decisões realmente estratégicas e se curvam às decisões da matriz. Em muitas delas, não conseguem ao menos manter os seus próprios cargos: só para citar um caso, a AVON Cosméticos trocou de presidente muitas vezes durante a última década e o fato se repete com facilidade no mercado. Está claro que, quando se trata de decidir mesmo, falam os que efetivamente mandam nas organizações.

          Em terceiro lugar, se é verdade que os profissionais de comunicação estão mesmo decidindo alguma coisa, em nome da ética e da responsabilidade social, então , em muitos casos, talvez fosse melhor retirá-los de lá, já que muitas organizações ditas de prestígio têm, sistematicamente, afrontado a cidadania. Os profissionais de comunicação da indústria de bebidas alcoólicas e de cigarros, chamadas de drogas lícitas, continuam manipulando a opinião pública, com sua comunicação cínica, estimulando o consumo que penaliza (no caso da indústria tabagista mata centenas de milhares de brasileiros por ano) os cidadãos.

          Podemos citar ainda a ética do Zeca Pagodinho, que tem inúmeros adeptos entre as principais organizações, a falta de democracia interna, a não transparência etc, observada exatamente nas principais empresas do mercado, aquelas cujos executivos costumam proclamar a sua comunicação estratégica.

São as mesmas empresas que freqüentam o ranking de desrespeito ao consumidor, como as operadoras de telefonia, eternas "amigas" do Procon e do IDEC. A imprensa divulgou, em 2005, notícias tristes sobre trabalho escravo na Telemar, sobre a proibição de venda de Coca-Cola na Universidade de Michigan por razões éticas, sobre a propina da Monsanto na Indonésia, sobre a condenação da Claro por controlar o tempo de seus funcionários nos banheiros e por aí vai).

          Comunicação estratégica, a nosso ver, deveria ter compromissos que extrapolassem a mera obtenção de resultados: não se trata apenas de vender mais cervejas ou remédios ou de contaminar o solo com mais agrotóxicos.

          Se os nossos profissionais de comunicação, os estratégicos, continuam trabalhando neste sentido, talvez não seja mesmo o caso de festejar.
          
No fundo, a comunicação está ainda longe de ser estratégica nas organizações e muitos profissionais de comunicação (é evidente que há exceções) só foram guindados a postos de alto escalão simplesmente porque se mostram competentes para planejarem ou executarem aquilo que é decidido em outras instâncias, quase sempre apenas para aumentar os lucros das empresas.
          
Queremos e temos que batalhar por uma comunicação estratégica e ética, cidadã. Nas empresas públicas e privadas, nas organizações do Terceiro Setor, em todo lugar. Gente mal intencionada em cargos elevados não é bom para a comunicação e muito menos para a sociedade. Seria o caso de perguntar: é essa perspectiva estratégica que devemos cultivar?


ELABORADO POR:  Wilson da Costa Bueno
jornalista, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP, e professor de Jornalismo (Científico, Jornalismo e Saúde, Jornalismo em agribusiness e meio ambiente) da ECA/USP. Tem mestrado e doutorado em Comunicação e especialização em Jornalismo Científico e Comunicação Rural.

FONTE: http://www.comunicacaoempresarial.com.br/revista/03/editorial.asp

A comunicação integrada

COMPONENTES DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

 Muitos já reconhecem a importância da comunicação integrada frente ao mercado de trabalho hoje. Entretanto, apesar desse reconhecimento, o uso da chamada "comunicação integrada" ainda apresenta cunho utópico entre a maioria dos comunicadores. Algumas agências de propaganda, por exemplo, se dizem cada vez mais completas e já se conscientizaram a respeito do uso de todas as ferramentas que compõem o mix de comunicação em seus projetos. Mas será que essas ferramentas estão sendo usadas corretamente¿ Será que a comunicação tem caminhado de uma forma realmente integrada¿
          
Nanci Maziero Trevisan (2003) fez uma pesquisa sobre a publicidade e propaganda e a comunicação integrada onde mostra que o número de agências de propaganda que se auto-intitulam "agências de comunicação", por trabalharem com uma comunicação "integrada", têm crescido a cada dia. Um exemplo dessas agências é a "Fischer América", eleita em 1997 pela Advertising Age, como a quarta melhor do mundo. (1)

           A "Fischer América" usa o slogan: "Comunicação Total", referindo-se à comunicação integrada. Se olharmos a explicação de seus idealizadores, que consta no site da agência (www.fischeramerica.com), em relação ao slogan escolhido, encontraremos como título: "A propaganda não é solução para tudo!", seguida de seguinte explicação:

          A Comunicação Total foi criada e registrada há 20 anos em função da consciência de que a propaganda não é solução para tudo. Pensar na comunidade de maneira mais abrangente, mais completa, tem sido o foco do grupo. A Comunicação Total sempre urge a partir de um conceito único, que tenha forma para mobilizar todos os públicos envolvidos com a marca. A partir desse conceito, é desenvolvido um conjunto de ações para que a marca, produto ou serviço, chegue de forma surpreendente ao seu destino.

          Empresas como a Fischer América têm se preocupado em atender seus clientes de forma completa (mesmo que muitas delas não estejam conseguindo dar conta do recado), prometendo-lhes uma maior comodidade em não precisar recorrer a outros tipos de empresas. A vantagem é que o trabalho é feito mais rapidamente e tem-se a segurança de estar tudo sendo feito em um único lugar, estabelecendo assim uma coerência melhor entre os programas de comunicação a serem realizados. Porém, não são todas as agências que usam realmente um trabalho integrado. Muitas usam este nome apenas para não serem "passadas para trás" em um mercado tão competitivo. Comunicação Integrada hoje pode ser considerada uma moda.

          Mas o que é essa comunicação integrada, tão em voga hoje em dia? Segundo Margarida Kunsch, uma das pesquisadoras da área, comunicação integrada pode ser considerada "uma junção da comunicação institucional, da comunicação mercadológica, da comunicação interna e da comunicação administrativa, que formam o mix (2) composto da comunicação organizacinal" (KUNSCH, 2003, p.150)


           A mesma pesquisa realizada por Trevisan, afirma que a maior parte das agências de publicidade consideram o tema "Comunicação Integrada" como sendo ultrapassado, uma vez que é obrigação da agência se alinhar ao que o cliente necessita, utilizando-se de todo o composto de ferramentas de comunicação. Débora Weinberg Fischer, da Fischer América diz que "para falar em comunicação hoje, é o mínimo necessário que ela seja integrada" (3) e acrescenta que a comunicação não deve integrar-se somente na campanha, e sim sair pronta já no briefing do cliente.

          Além disso, muitos autores defendem a idéia de que a comunicação integrada está intimamente ligada com a valorização da marca. Hoje, muitos dos clientes que buscam as agências de publicidade estão à procura de um trabalho especial envolvendo a marca. Um trabalho especificamente mercadológico não dá conta sozinho de suprir essa necessidade. Um bom comercial para TV não é mais suficiente, por isso, um bom trabalho institucional é fundamental. "Não se pode dissociar a imagem do produto do conceito da empresa" (GIANGRADE,2003, p.142).


          Para um trabalho completo de comunicação é realmente necessário que todas as áreas sejam abrangidas. A propaganda sozinha não consegue mais suprir as necessidades de seus clientes. As empresas não querem apenas uma campanha enorme para o lançamento de determinado produto, ou apenas aparecer na mídia, elas querem que seus produtos sejam líderes no mercado e que associado a ele, o nome da empresa seja elevado.

          Vemos na citação de Margarida Kunsch (2003) que, o jornalismo empresarial, relações públicas e propaganda formam o tripé que "organiza os fluxos de irradiação das informações sobre as organizações" (p.155). Um trabalho envolvendo apenas uma das áreas de comunicação não atende as demandas de mercado hoje. É importante que todas as agências se conscientizem a respeito disso.

          O cliente também apresenta papel relevante nessa busca de integração. Hoje em dia podemos notar que empresas grandes, de renome, possuem uma visão mais estratégica de comunicação, levando suas idéias às agências, que conseguem uma maior liberdade para a utilização de todas as ferramentas de comunicação necessárias. Mas, a maioria das empresas, principalmente de pequeno e médio porte, ainda não possuem essa visão. Elas acabam se prendendo apenas à propaganda, não percebendo a importância de uma comunicação completa. Sobre a visão do cliente, GROTTERA diz o seguinte:


          O que mais incomoda os clientes é a pulverização da mídia, a contrapartida da pulverização é a unificação (...) Nós mexemos em elementos como o "house organ" da empresa e os cartões de visita. A agência tinha que entender que uma carta bem feita e um banner são tão importantes, quanto um bom comercial de televisão (2003, p.6.).

           As agências que possuíssem hoje um sistema completo de comunicação integrada poderiam oferecer esse serviço como sendo um diferencial. Apesar de muitas agências afirmarem já terem "acolhido" esse sistema, é muito difícil englobar comunicação institucional com a comunicação mercadológica. As idéias são diferentes e os objetivos também. Por isso é importante que seja feito um plano de comunicação completo antes de iniciar alguma ação, seja ela de qual área for.

          Embora no planejamento estejam especificadas ações envolvendo todas as áreas da comunicação, elas não devem ser realizadas totalmente em conjunto. Realizar um projeto integrado significa utilizar todas as ferramentas possíveis, mas evitando as sobreposições de tarefas. "Com um sistema integrado, os vários setores comunicacionais de uma organização trabalham de forma conjunta, tendo ante os olhos os objetivos gerais e ao mesmo tempo respeitando os objetivos específicos de cada setor" (KUNSCH, 2003).

          Dentro de um projeto integrado, cada profissional deve exercer as atividades que competem à sua área, afinal foi preparado para isso. Profissionais das três áreas da comunicação devem trabalhar juntos, cada um com as suas tarefas, mas em prol de um objetivo comum. Assim os resultados serão completos e o produto ou serviço oferecido terá maiores chances de sucesso.

          Mas nem todas as agências hoje contam com profissionais das três áreas de comunicação para oferecerem serviços aos clientes. Uma solução para esse problema seria terceirizar alguns serviços. Agências de propaganda poderiam fazer parcerias com agências de relações públicas por exemplo. Dessa forma, ambas as agências ofereceriam serviços completos mesmo não tendo pessoas capacitadas para determinadas áreas dentro da agência.

          O grande problema em relação a isso é que algumas pessoas ainda vêem as outras áreas da comunicação como sendo suas concorrentes e não ajudantes. Brigas sobre que tarefa cabe a cada área ainda são comuns. Falta uma real conscientização da maioria em relação aos benefícios da comunicação integrada. As três áreas existem, não para competirem entre si, mas para trabalharem em conjunto, cada uma com suas especializações, facilitando o trabalho e caminhando em busca de resultados mais satisfatórios.

          Notas
(1) www.ficheramerica.com
(2) Mix é uma palavra inglesa muito usada no meio da comunicação social se referindo ao conjunto das ferramentas da comunicação ou, se traduzirmos de forma literal, à mistura dessas ferramentas.
(3) TREVISAN, Nanci Maziero. O Mito da Comunicação Integrada. UMESP - Universidade Metodista de São Paulo, 2003.
          

Referências
GIANGRANDE, Vera. In: KUNSCH,Margarida Maria Kroling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. São Paulo: Summus, 2003.
GROTTERA, Luis. In : O Mito da Comunicação Integrada. UMESP - Universidade Metodista de São Paulo, 2003.
KUNSCH, Margarida Maria Khroling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. São Paulo: Summus, 2003.
TREVISAN, Nanci Maziero. O Mito da Comunicação Integrada. UMESP - Universidade Metodista de São Paulo, 2003.

ELABORADO POR:
Ana Cláudia GussoRelações públicas, formada pela Universidade Federal do Paraná, mestre em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo- UMESP.

FONTE:http://www.comunicacaoempresarial.com.br/revista/04/comunicacoes/comunica12.asp

Voluntariado: Comunicação com responsabilidade social

COMPONENTES DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

O tema voluntariado é explorado cada vez mais pela mídia, expondo-se as pessoas que fazem o bem e as empresas dispostas a ajudar. Temos que tomar cuidado para não banalizar a atitude de ser voluntário com o excesso de exposição. Fazer o bem é mais do que um quesito. Fazer o bem é índole e não moda.
         
 Ser voluntário é uma atitude do indivíduo e não uma obrigação. O indivíduo deve ser solidário acima de tudo, independentemente do modismo. É correto as empresas incentivarem esta atitude, mas, não devem impor uma atitude voluntária aos seus funcionários com o objetivo de cumprir, por exemplo, um dos indicadores do Instituto Ethos:

           "Envolvimento da Empresa com a Ação Social:... a empresa também pode desenvolver projetos próprios, mobilizar suas competências para o fortalecimento da ação social e envolver seus funcionários e parceiros na execução e apoio a projetos sociais".

          A Lei nº 9.608/98 caracteriza como trabalho voluntário a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive de mutualidade.

          Esta lei estabelece que o trabalho voluntário esteja previsto em contrato escrito o Termo de Adesão que destaca a não existência de vínculo trabalhista no serviço voluntário.

          Segundo o Centro de Voluntário de São Paulo - CVSP, para estruturar um Programa de Voluntariado a empresa deve sempre:
- Identificar as causas e necessidades sociais das organizações e grupos comunitários;
- Identificar potencialidades a serem desenvolvidas, tanto na empresa como nas organizações sociais;
- Avaliar os recursos humanos e materiais que poderá disponibilizar para o projeto

          A Casa Hope é uma entidade sem fins lucrativos que dá assistência social integral ao carente portador de câncer, sendo direcionada aos pacientes portadores de qualquer tipo da doença e a seus acompanhantes, em qualquer estágio do tratamento, desde que não haja necessidade de internação hospitalar e que o paciente venha de hospital público. Sobre o voluntariado, no site da Casa Hope é possível encontrar as 10 Boas Razões "Por que investir no Social". E no item um das dez boas razões, encontramos o princípio de tudo:
         
 "Porque todos somos responsáveis e devemos contribuir para uma sociedade mais justa".

          O investimento publicitário para divulgar as ações das empresas poderia ser revertido para programas sociais. As empresas não devem somente "custear" tais ações, e sim, devem preparar e capacitar o indivíduo para realizar ações, incentivando o voluntariado interno, formando o voluntário e apostando na multiplicação de novos.

          O Grupo Odebrecht é contra divulgar o trabalho social que realiza. O Banco Itaú prefere manter o programa social desvinculado da área cultural, na surdina. A Fundação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) acredita que a melhor forma de gerar resultados é mostrar as ações. A Azaléia está tão convicta disso que seu logotipo está presente na divulgação maciça do evento "Criança esperança". Algumas agências de publicidade desenvolvem voluntariamente campanhas para entidades como a Associação Parceria contra Drogas e a Fundação SOS Mata Atlântica ( F/Nazca) e Grupo Cultural Afro Reggae ( W/Brasil).

          Outras agências já oferecem aos seus clientes programas ações específicos para o 3º setor , como o grupo Full Jazz, que inaugurou a agência The Key voltada para a gestão de marcas e responsabilidade Social , que tem o propósito de expandir o escopo de atuação da Full Jazz Comunidade para o universo do branding, somando aos serviços já realizados na área de cidadania corporativa o desenvolvimento de estratégias de posicionamento e gestão de marcas que contemplem, na sua essência ou no seu plano de ações, a valorização da cidadania na construção da sua força e da sua relevância.

          Apesar do modismo, o espaço espontâneo para as ações sociais na mídia ainda é pequeno. A imprensa deverá dar mais espaço para as empresas. Durante a programação da Rádio CBN são divulgadas as ações das empresas e no site disponibilizam-se notícias sobre ética nos negócios e mundo sustentável. Outro veículo que dedica uma coluna ao tema é a revista Isto é Dinheiro, que na coluna semanal "Empresas do Bem" divulga as práticas das empresas e das ONG´s.

          A Rede Globo apresenta o programa Ação todos os sábados às 7h30 da manhã, com reapresentação no Canal Futura, domingo às 7h da manhã e quinta-feira, meia-noite e meia. O Ação mostra a iniciativa de pessoas que não ficam paradas à espera de soluções. São pessoas, a maior parte anônimas, que emprestam sua experiência profissional e que doam seu tempo na certeza de que esta pode ser a única oportunidade na vida de milhares de brasileiros. O programa tem sua versão digital no site da Globo, onde amplia suas funções. É possível pesquisar as organizações do terceiro setor que atuam no país e os cadastros e mapeamento do voluntariado, atualizados.
          
Com o aumento do espaço na mídia poderemos iniciar a sensibilização da sociedade e do indivíduo. Somente a imprensa tem a credibilidade necessária para mobilizar e motivar o voluntariado. Os veículos devem abrir mais espaços para divulgar tais programas de voluntariado e fazer valer a função de prestação de serviços, para o voluntário e para as entidades que precisam de voluntariado.
          

Esse esforço para aumentar o espaço espontâneo na mídia deve contar também com o trabalho de relações públicas, que deverá assessorar as empresas na estruturação de programas beneficentes como também mobilizar e capacitar futuros voluntários. Esta mobilização poderá ser feita também pelos meios de comunicação interna, disponibilizando-os sistematicamente para conscientizar e preparar o funcionário sobre o voluntariado.
          

O profissional de relações públicas poderá promover a utilização dos meios de comunicação interna de forma plena para divulgação das ações individuais dos funcionários.E para estreitar o relacionamento com a comunidade, poderá também abrir estes espaços para as entidades da comunidade.

          O que devemos fazer é expor cada vez mais a causa social na mídia, sem explorá-la de forma oportunista. Temos que sensibilizar os indivíduos para as verdadeiras atitudes de voluntariado e motivá-los para que estas atitudes não sejam perenes e sim freqüentes.

          "Ser voluntário é doar seu tempo, trabalho e talento para causas de interesse social e comunitário e com isso melhorar a qualidade de vida da comunidade." ( Centro de Voluntariado de São Paulo)

          Sites relacionados
www.voluntariado.org.br
Informações sobre voluntariado empresarial, palestras para empresas e comunidades e disponibiliza o cadastro de 600 entidades e/ou associações para ações voluntárias. Entidade criadora do Selo CVSP oferecida às empresas que oferecem um programa de voluntariado organizado, atuante e transformador.
www.casahope.com.br
Além do histórico da entidade apresenta toda a estrutura, campanhas e formas de colaboração incluindo os eventos e novidades. A Casa Hope criou a área de Licenciamento. Os personagens Hope, especialmente desenvolvidos, são fundamentados na luta contra o câncer infantil. Seu licenciamento é um fator de exclusividade e de diferenciação, que permite a aproximação com seu público consumidor e o fortalecimento da lealdade à sua marca. Permite a criação de novos produtos, de ações promocionais e de campanhas de comunicação inéditas em praticamente todos os segmentos dos mercados de produtos de consumo e de serviços.
www.ethos.org.br
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social renovou sua presença na internet com o lançamento desta quarta versão de seu site, durante a Conferência Nacional 2004, realizada nos dias 30 de junho, 1º e 2 de julho, em São Paulo. O novo portal é uma ferramenta para o cumprimento da missão de mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade sustentável e justa.
www.fundacaoodebrech.org.br
As experiências e metodologias implementadas nos projetos promovidos pela Fundação Odebrecht são sistematizadas e transformadas em materiais educativos através do Programa Editorial, permitindo que esse conhecimento seja disseminado e reaplicado em novas experiências.
www.fundacaoitausocial.org.br
Até 1993 o Itaú respondia de forma reflexa e pontual às necessidades da sociedade. Buscando antecipar-se às demandas e construir um conjunto de ações articuladas, criou, em 1993, o Programa de Apoio Comunitário, que evoluiu posteriormente para o Programa Itaú Social.
www.fundacaocsn.org.br
Fundação CSN reconhece a importância do trabalho da Imprensa e para facilitar a busca de informações e ficar por dentro das novidades que estão acontecendo nos projetos da Fundação CSN, foi criado esse espaço dedicado a imprensa.
www.azaleia.com.br
Projeto Azaléia 2001 - Construindo o Futuro. Criado há pouco mais de dez anos, o projeto é referência entre programas do gênero, atuando nas áreas da saúde, educação, habitação, segurança, alimentação, transporte e lazer.
http://www.fulljazz.com.br
O site do grupo apresenta todas as empresas do grupo. Entre as empresas está a The Key - Gestão de Marcas e Responsabilidade Social, com o propósito de expandir o escopo de atuação da Full Jazz Comunidade para o universo do branding, somando aos serviços já realizados na área de cidadania corporativa o desenvolvimento de estratégias de posicionamento e gestão de marcas que contemplem, na sua essência ou no seu plano de ações, a valorização da cidadania na construção da sua força e da sua relevância.
http://radioclick.globo.com/cbn/
CBN, em formato all news, a CBN traz a cobertura dos principais fatos do país e do exterior. Caracterizada por ser uma emissora plural, dá espaço para as diversas vozes da sociedade, na busca constante da isenção e credibilidade. A CBN é direcionada para ouvintes das classes AB, acima de 30 anos, economicamente ativos.
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/
Versão digital da revista semanal impressa. No coluna Empresas do Bem , é possível conhecer as praticas de empresas e ong´s.
http://www.acao.globo.com
Versão digital do programa de tv Ação da Rede Globo. É possível pesquisar as organizações do terceiro setor que atuam no país, cadastro atualizado e mapeamento do voluntariado.

ELABORADO POR:
José Luiz Muniz FilhoProfessor dos Cursos de Propaganda e marketing, Publicidade e Propaganda da UNIP, e do curso de pós graduação em comunicação mercadológica da Metrocamp- Campinas. Na área executiva atuou na área de comunicação nos segmentos de bens duráveis em empresas como Arno, Brastemp, Gradiente e Microtec Digital e no segmento de serviços, Playcenter e CPFL. Desenvolveu campanhas publicitárias, promoções de vendas para B2C e B2B, incluindo feiras e eventos de lançamento de produtos e convenções de vendas. Graduado em Publicidade e Propaganda pela FAAP. e MBA em Marketing pela FGV. Mestre em Comunicação na Universidade Metodista de São Paulo.

FONTE: http://www.comunicacaoempresarial.com.br/revista/04/comunicacoes/comunica11.asp

Responsabilidade Social Empresarial e Investimento Social Privado nos sites do Instituto Ethos e do GIFE: uma contraposição à idéia de filantropia

COMPONENTES DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Nesse breve texto, vamos nos ater às definições encontradas nas páginas de Internet do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social e do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE) sobre os conceitos de "responsabilidade social empresarial" e "investimento social privado".
          
O GIFE tem um quadro de 86 filiados, que em 2005 investiram em programas considerados sociais aproximadamente R$ 1 bilhão, de acordo com dados fornecidos pela instituição. Ao Instituto Ethos pertencem, de acordo com seu website, 1183 filiados, que são responsáveis por aproximadamente 30% do PIB brasileiro e empregam 1 milhão de pessoas. Esses números, tornam as duas instituições as mais representativas a atuar sobre o tema no País.


          O Grupo de Institutos Fundações e Empresas coloca como seu objetivos reunir instituições que praticam o que chama de "investimento social privado", enquanto Ethos trabalha com o conceito de "responsabilidade social empresarial".

          O esforço para se chegar a conceituações sobre as semelhanças e diferenças entre as práticas envolvidas sob cada um dos termos apresentados, pode ser encontrado também em literatura específica sobre o tema (HADDAD, et. al. 2002; IOSCHPE et. al.), o que indica um debate em aberto nesse campo. No website do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (www.gife.org.br), podemos encontrar a seguinte definição:

          Investimento social privado é o repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público. Incluem-se neste universo as ações sociais protagonizadas por empresas, fundações e institutos de origem empresarial ou instituídos por famílias ou indivíduos.

          Para a definição de "responsabilidade social empresarial" do Instituto Ethos, podemos destacar o seguinte trecho:

          Os diversos setores da sociedade estão redefinindo seus papéis. As empresas, adotando um comportamento socialmente responsável, são poderosas agentes de mudança para, juntamente com os Estados e a sociedade civil, construir um mundo melhor. Esse comportamento é caracterizado por coerência ética nas ações e relações com os diversos públicos com os quais interagem, contribuindo para o desenvolvimento contínuo das pessoas, das comunidades e de suas relações entre si e com o meio ambiente.

          Uma observação possível sobre os trechos apresentados, é a de que o conceito de "responsabilidade social empresarial" do Instituto Ethos, organização que conta com doze vezes mais filiados do que o GIFE é mais abrangente, e ao mesmo tempo um tanto mais vago. A inclusão das atividades ordinárias da empresa capitalista, desde que submetidas a conceitos éticos, como "responsabilidade social empresarial", abre um leque de possibilidades, que só pode fazer sentido se houver uma definição precisa do que se entende por ética, o que é em si problemático.

          Enquanto isso, a conceituação do GIFE, de "investimento social privado", é focado numa prática mais pontual, concebida como investimento e retorno, o que delimita um campo mais preciso de atuação, embora menos ambicioso.


          Ambas instituições reivindicam em suas conceituações a atualidade de preceitos, propondo uma diferença que se propõe refundadora em relação as práticas tradicionais da caridade e da filantropia.

          A primeira investida, portanto, para a criação de uma categoria - primeiramente de Terceiro Setor - ou posteriormente de Investimento Social Privado, para a qual migrou o GIFE, dá-se por meio da diferenciação com práticas tradicionais de apoio filantrópico à comunidade entendidas como atividade espontâneas, eivadas de cordialidade cristã.

           Na página de Internet do GIFE, pode-se encontrar o seguinte trecho:
          A preocupação com o planejamento, o monitoramento e a avaliação dos projetos é intrínseca ao conceito de investimento social privado e um dos elementos fundamentais na diferenciação entre essa prática e as ações assistencialistas.
           Diferentemente do conceito de caridade, que vem carregado da noção de assistencialismo, os investidores sociais privados estão preocupados com os resultados obtidos, as transformações geradas e o envolvimento da comunidade no desenvolvimento da ação.


           A preocupação com o planejamento, o monitoramento e a avaliação dos projetos é intrínseca ao conceito de investimento social privado e um dos elementos fundamentais na diferenciação entre essa prática e as ações assistencialistas.

          O tema é tratado nas definições do Instituto Ethos em sua webpage de maneira bastante semelhante como pode ser observado no texto abaixo:

          A filantropia é basicamente uma ação social externa da empresa, que tem como beneficiária principal a comunidade em suas diversas formas (conselhos comunitários, organizações não-governamentais, associações comunitárias etc) e organizações. A responsabilidade social é focada na cadeia de negócios da empresa e engloba preocupações com um público maior (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente), cuja demanda e necessidade a empresa deve buscar entender e incorporar aos negócios. Assim, a responsabilidade social trata diretamente dos negócios da empresa e de como ela os conduz.

          Há uma concordância em diferenciar o trabalho desenvolvido pelas associações que reúnem grupos empresariais e emulam a atuação da empresa capitalista privada na ação social das tradicionais instituições filantrópicas. O ponto chave tanto para Ethos quanto para GIFE é o modo de atuação, e não os objetivos dessa atuação.

           O eventual apoio a um grupo de crianças, de idosos, o incentivo a atividades esportivas ou culturais, etc. podem ser consideradas como práticas filantrópicas ou do Terceiro Setor, desde que se faça a distinção entre um modo administrado e racional e um modo caridoso e emotivo.

           Por outro lado, há uma divergência de conceituação quando se introduz nos conceitos do Instituto Ethos as práticas administrativas da empresa como um todo, entendida como a cadeia de negócios, pressupondo um tipo determinado de inserção da empresa na comunidade; enquanto nas definições do GIFE, estão focadas as práticas externas à administração da empresa capitalista.

          Diferentemente do conceito de caridade, que vem carregado da noção de assistencialismo, a classe empresarial que move as atividades das duas instituições estaria atenta aos resultados obtidos, às transformações geradas e ao envolvimento da comunidade no desenvolvimento da ação

           A mesma questão pode ser encontrada no prefácio de 3o. Setor e Desenvolvimento Social Sustentado (IOSCHPE, 1997), também editado pelo GIFE. A conceituação proposta é a de que as modernas práticas empresariais de busca de eficiência e resultados, aplicadas à ação social, criam um diferencial conceitual sobre as antigas práticas filantrópicas, baseadas no "amor à humanidade", implicando uma ação altruísta e desprendida (IDEM). Ainda de acordo com o documento, o GIFE surgiu em 1989 (...) num momento em que a ótica de mercado já não permitia este desprendimento, exigindo a previsão de retorno do investimento realizado tanto em relação ao beneficiário como ao investidor.

          Embora haja diferenças entre os discursos colocados, pode-se observar uma semelhança fundamental, a criação de um escopo que traz à cena a alusão a uma prática relativamente recente, em contraposição às milenares redes de solidariedade assistencial desenvolvidas ao longo da história e tratadas como filantropia - ou talvez mesmo, ousando uma provocação, mera filantropia.

          Se as diferenças são buscadas em práticas de atuação por parte dos duas instituições, não seria razoável negar, por outro lado, que ambas concorrem para o surgimento de uma cena comum, um espaço de discurso que aproxima as diversas práticas sociais promovidas pela empresa capitalista. Pode-se colocar que uma definição as une, talvez a fundamental, é a preconização de uma ação instrumentalizada e racional em contraposição à cordialidade filantrópica.

          A fundamentação discursiva pela contraposição, é um dos temas de Ernesto Laclau (2002), quando trata da constituição dos significantes vazios como elementos fundamentais de uma concepção política da linguagem.

          Para o autor, as equivalências que permitem o estabelecimento de redes de interesse e portanto de coalisões no campo político, entendido como prática social de luta pelo poder, são obtidas pela diferenciação em relação a um conteúdo positivo determinado. Os significantes vazios de Laclau encontram correspondência na obra do autor com sua flutuação. No caso, a flutuação de um termo, e seu esvaziamento, são as duas caras da mesma operação discursiva (LACLAU, 2002; pg. 27). Entende o autor que os significantes vazios ou flutuantes são aqueles preenchidos por diferentes significados de acordo com as cadeias discursivas onde ele está inserido.

          Dessa maneira, uma lógica de equivalência é necessária para uma operação ideológica: o abrigo sob o mesmo significante de situações que têm caráter diferencial. No caso da construção de um conceito de "responsabilidade social empresarial", ou de "investimento social privado", uma série de ações, atividades, entendimentos, enfim, criação de significados, cabem sob o mesmo significante, que passaria sob essa ótica a ser denominado vazio. As atividades sociais desenvolvidas pelas empresas em circunstâncias muito diferentes, com objetivos que não se coaduanam necessariamente, ganhariam um sentido com a operação ideológica de criação de um significante vazio, flutuante, onde podem coabitar.


          A operação da criação de uma cadeia de equivalências que corresponda a um significante vazio se daria em contraposição a um conteúdo positivo. O autor exemplifica com a observação de manifestações populares, onde são exibidos cartazes com palavras como "liberdade". Dado um determinado contexto - como no caso das manifestações contra o regime comunista no Leste Europeu no início dos anos 1990, comentadas por Laclau - compreende-se imediatamente o significado do termo como representando o aparato democrático ao modo ocidental que se reivindicava na ocasião. Desfeita essa contraposição, o mesmo significante "liberdade", perde sua cadeia de equivalência, abrindo possibilidade para uma série de interpretações e divergências que buscam preenche-lo de significado.

           A hipótese que se busca nesse pequeno trabalho, é que de acordo com o pressuposto de Laclau, uma operação semelhante, de contraposição a um conteúdo positivo para o estabelecimento ideológico de um significante vazio tenha correspondência no discurso do terceiro setor a respeito da filantropia - anátema que valida a operação de abrigar sob um mesmo conceito atividades em si distintas.
          
REFERENCIAS
Haddad, Sérgio (org.) ONGs e Universidade. Abong/Peirópolis. São Paulo, 2002
Ioschpe, E. Berg (org.) 3o. Setor - Desenvolvimento Social Sustentado. Paz e Terra. Rio de Janeiro, 1997
Laclau, Ernesto Misticismo, Retórica y Política. Fondo de Cultura Económica de Argentica. Buenos Aires, 2002
http://www.gife.org.br/
www.ethos.org.br

ELABORADO POR:
Vinicius Prates da F. BuenoJornalista, mestre em Comunicação Social da UMESP - Universidade Metodista de São Paulo.

FONTE:
http://www.comunicacaoempresarial.com.br/revista/04/comunicacoes/comunica9.asp

Comunicação Interna e meios digitais: uma ferramenta de exclusão?

COMPONENTES DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Esta comunicação tem como objetivo principal analisar se o uso de meios digitais, como newsletters, intranets ou revistas eletrônicas, como veículos de comunicação das organizações com seu público interno podem ser considerados como recursos que, de certa forma, são excludentes, ou seja, por atingirem a uma determinada audiência - tida como seleta - excluem o acesso de seu conteúdo das demais "fatias" que foram o público interno de uma instituição ou empresa.

          Antes, contudo, faz-se necessária uma pequena contextualização - conceitual e estrutural - do que se trata dois dos principais objetos de análise deste artigo, isto é, o conceito de público ou audiência interna e o de meios digitais de comunicação organizacional.

          Dentro do universo da comunicação organizacional ou empresarial, entende-se por público interno todos aqueles que fazem parte do universo da instituição em seu âmbito interno, ou seja, vivenciam ou estão relacionados de alguma forma com o dia-a-dia da mesma, com a área em que esta atua, em que distribui seus produtos ou conceitos etc.

          Cada vez mais, dentro do competitivo mercado, comumente atingido por formas de comunicação mais velozes, penetrantes e que expõem marcas, imagens e organizações inteiras ao impacto da opinião pública, muitos autores e estudiosos do tema comunicação empresarial têm posicionado o público interno como um item estratégico e fundamental nas estruturas de relacionamento e comunicação das organizações.

          Os fatores apontados por esses estudiosos estão fundamentados no fato de, primeiramente, esse público ser, entre os vários públicos que gravitam em torno do universo da organização, o que conhece e convive mais proximamente com a realidade - diária - da instituição. Por isso, são igualmente os primeiros a sentirem o impacto de problemas (como crises), boatos, repercussão de notícias negativas veiculadas na mídia externa etc. Outro item que torna público interno um alvo de ação estratégia dentro das companhias é que estes, justamente por vivenciarem seu dia-a-dia, tornarem-se importantes formadores de opinião - e mesmo os principais "veículos de propaganda" de produtos e imagem organizacional - junto à comunidade em que moram ou mesmo no interior do microuniverso organizacional.

          Contudo, o público interno de qualquer organização possui, como uma de suas principais características o fato de, mesmo representado talvez a menor parcela da audiência de uma organização - uma vez que os públicos externos costumam estar ligados ao mercado, consumidores e acionistas em geral que, assim, comporiam um universo mais amplo de pessoas - este poder representar um âmbito bastante heterogêneo, envolvendo pessoas com diferentes níveis de educação, qualificação profissional, feedback cultural, realidade sócio-econômica etc. Tais variáveis irão compor um dos maiores desafios do comunicador no momento de se estruturar um processo de comunicação estratégico no ambiente organizacional e, sendo assim, também serão os principais motivos sobre os quais se lançará a questão que se pretende abordar neste artigo: seria essa heterogeneidade um fator de exclusão de determinada parcela do público interno que se tem em vista meios digitais de comunicação empresarial? Essa abordagem será melhor detalhada adiante neste trabalho.
          
Antes, contudo, faz-se necessário ainda frisar como se pode definir o que, de fato, constituem os meios digitais de comunicação a que se refere este artigo em seu primeiro parágrafo; mais especificamente, meios digitais que estão ligados a uma linguagem e estrutura jornalística no que tange ao trabalho e divulgação de seu conteúdo, característica esta que compartilha com outros tipos de house organs comumente utilizados e distribuídos das organizações - os quais, pelo menos em tese, deveriam possuir diretrizes que seguissem as normas jornalísticas tanto na elaboração de suas matérias como no uso das fontes, elaboração visual etc.

          Difundidos em profusão com a expansão da Internet, esses veículos digitais podem ser classificados como todos aqueles que utilizam, como meio de estruturação e divulgação, recursos "não concretos", palpáveis e físicos, como entenda-se o "papel"; na grande maioria dos casos, esses veículos necessitam de um instrumento que intermedie o acesso a seu conteúdo. Por exemplo, o site ou versão eletrônica de um jornal necessita que se tenha acesso a um computador, uma conexão em rede, entre outros itens, para que se consiga visualizar e ler seu conteúdo. Obviamente, o desenvolvimento do universo digital tornou possível o uso de outros dispositivos nesse processo, como celulares, palms etc. Contudo, não vem ao caso, neste artigo, aprofundar-se nos meios para que a comunicação digital se concretize mas, sim, como o uso e acesso a esses meios pode dificultar ou inviabilizar seu aproveitamento na comunicação interna.

          Um contraponto: falando com muitos...e com poucos!

          Comunicar-se utilizando meios digitais tornou-se uma realidade em todo o mundo. Crianças, adolescentes, adultos, profissionais de diferentes áreas, estudantes etc. cada vez mais estão interconectados através de sites, salas de bate-papo virtuais, orkuts ou acessando a edição diária de vários jornais totalmente através da Web - com a vantagem de que estas, na maioria das vezes, são atualizadas em tempo real, tornando rapidamente obsoletas as edições impressas.

          Essa realidade foi transportada para o interior das organizações através de recursos como newsletters eletrônicas - distribuídas internamente utilizando e-mails ou intranets e cujo acesso está limitado apenas aos funcionários -, revistas digitais (que podem ser as mesmas para o público interno e externo ou mesmo possuir versões inteiramente voltada aos funcionários ou departamentos), simples mensagens ou comunicados, disseminados via e-mail (que em tese substituem os tradicionais murais ou comunicados em papel, entre outros.

          As vantagens de se utilizar o meio digital e eletrônico como base para a criação e divulgação de informações possui benefícios óbvios; entre eles, maior rapidez de atualização, maior flexibilidade (rapidamente pode-se corrigir, reenviar, reeditar informações e layouts com um custo praticamente ínfimo), permitir maior interatividade entre autores e emissores e seu público e fazer uso do recurso do "tempo real" (o que ganhou ainda mais viabilidade através das novas opções de se veicularem vídeos pela rede). Com essas facilidades em mãos, teoricamente qualquer um pode se tornar autor de conteúdo determinado e divulgá-lo. E, mais: fazer isso a uma base de receptores ainda maior, teoricamente composta por todos que têm acesso a recursos como Internet.

          Mas o quadro, na prática, não é tão simples assim. A expansão do uso dos meios digitais como veículo de comunicação criou uma questão (e problema) importante, ligada ao chamado grupo de excluídos digitais. Ou seja, ao mesmo tempo em que cria a possibilidade de estender redes de veiculação de mensagens praticamente ilimitada (quanto ao potencial), os meios digitais também excluem desse universo um contingente enorme de pessoas - aquelas que por motivos sócio-econômicos, culturais, localização geográfica ou mesmo por opção, não têm acesso aos recursos eletrônicos que tornam possível concretizar essa comunicação - integrar emissor/mensagem e receptor.

          Trazendo tal realidade para o interior das organizações e para o processo de relacionamento desta com seu público, o quadro se mostraria o mesmo?

          Sendo o público interno composto por uma micro-amostra do que se encontra na sociedade, isto é, pessoas com diferentes características e, assim, diferentes demandas a serem supridas em termos de informação, é fato se concluir que a princípio a comunicação organização que utiliza recursos digitais exclui parte de sua audiência interna do processo.

          Essa exclusão será maior ou menor de acordo com o perfil da empresa, do público e da estratégia de comunicação escolhida.

          Pode-se tomar por exemplo dois casos simplistas, mas que podem ilustrar a situação: o de uma empresa de tecnologia, cujo uso dos recursos digitais é familiar à grande maioria dos funcionários, e uma empresa cujo produto não tem ligação com o universo tecnológico, onde a estrutura interna está dividida em diferentes segmentos, seções e níveis.

          No primeiro caso, a implantação de newsletters, house organs ou o uso extensivo de e-mails será menos problemática do que no segundo. Isto porque tirar proveito do conteúdo que esses veículos trazem a explorá-los em sua totalidade exige o domínio, ao menos básico, dos recursos, ferramentas e da interface do computador, do sistema operacional que roda no mesmo, dos comandos de navegação de um browser, site ou software de mensagem. Já no segundo exemplo, tem-se vários universos diferentes dentro de uma mesmo organização; reune-se, no caso, linha de produção, onde o nível de escolaridade, de cultura formal, de acesso a meios eletrônicos etc. costuma variar sensivelmente e ser bastante limitado, níveis intermediários ou de departamentos/escritórios, onde a própria dinâmica de trabalho faz com que os funcionários tenham maior familiaridade com as ferramentas e linguagem digital, níveis de gerência, onde a familiaridade com esses meios tende a ser ainda maior, e assim segue-se. Como, então, pensar e implantar um processo de comunicação com uma visão minimamente estratégica dentro dessa realidade?
          
Se realmente toma-se por comunicação estratégica aquela que tem por objetivo integrar, tendo a informação como matéria-prima, os diferentes públicos da organização e transmitir a eles um conceito coerente no que se refere à imagem, produto e posicionamento da mesma, sem dúvidas essa tarefa irá se transformar em um desafio interessante ao ou aos responsáveis pela comunicação na referida instituição.
          Se os meios de comunicação digitais, quando inseridos no contexto organizacional de relacionamento com o público interno, também traz consigo a mesma exclusão que se mostra presente na sociedade, o comunicador deve pensar como, pelo menos, minimizar esse problema de forma que a informação circule sob uma "maquiagem" diferente, utilizando canais distintos, mas que, ao final, surta o mesmo efeito; ou seja: comunique, passe a mensagem a que se propõe.
          Uma solução que passa por várias execuções
          Encontrar a resposta para a problemática proposta por este artigo pode estar no fato de se retroceder a métodos que deveriam ser utilizados nos house organs tradicionais, impressos e distribuídos em murais ou por meio de jornais ou revistas.

          Isto é, recusar o princípio do "house organ bombril", com mil e uma utilidades, e priorizar uma comunicação estratégica que, como tal, realmente esteja focada em atingir seu público/audiência e, por isso, é pensada e estruturada levando em consideração das características de demandas do mesmo.
          Assim como nos meios de comunicação empresarial tradicionais não se deve enxergar o público interno como uma massa homogênea, quando se pensa em meios digitais o princípio deve ser o mesmo, ou seja, o público interno é sempre heterogêneo, em menor ou maior grau, e, como tal, demanda com tipos, volumes e níveis de interação distintos.

          Recorrer a recursos digitais é um canal que pode ser muito eficaz no processo de comunicação empresarial - assim como o é fora desse contexto - devido à velocidade com que faz a informação circular, sua flexibilidade e outros atributos já citados anteriormente; contudo, também representa um trabalho a mais dentro do já difícil e complexo universo de comunicação organizacional interna. A falta de familiaridade ou acesso das pessoas aos meios eletrônicos torna o processo ainda mais difícil, na medida em que amplia o número de variáveis e condicionantes que devem ser analisadas e ponderadas por parte do comunicador.

          Mais problemas... e questões
          Dentro do contexto que a problemática proposta por este artigo envolve, existe ainda um importante item cuja consideração é fundamental: mesmo nos processos mais comuns e simplistas de comunicação organizacional, tal visão estratégica, anteriormente citada, não é colocada em prática.
          Como resolver essa questão, então, quando se tratam de meios digitais, onde o problema tenda a se tornar mais complexo?

          Uma das conclusões que pode ser citada a princípio é que a exclusão causada em decorrência do uso desses meios irá aumentar também no âmbito organizacional. Porém, é também fato que o barateamento de itens com computadores e celulares tende a tornar, gradualmente, o acesso aos mesmos possível a um número maior de pessoas - o que possivelmente fará com que se expandam para extratos sociais aquém das tradicionais classe alta e média.

          Com isso, em uma projeção futura, um volume maior de funcionários, pensando-se especificamente no público interno, terá acesso aos meios eletrônicos e digitais, estarão submetidos a um volume maior e mais veloz de informação e conteúdo que se alterna e atualiza em prazos ínfimos, e, assim, passarão a exigir também que o tráfego de informação na organização em que trabalham siga o mesmo ritmo. Isso fará com que também esse grupo necessite ou demande acesso a veículos digitais de comunicação da empresa.
          
Mas se, nem mesmo no caso dos meios convencionais impressos, tal segmentação atende à heterogeneidade desse público, como trabalhar esse fato em relação aos meios digitais? Qual será a forma, definida pelos comunicadores, para esses veículos digitais quando estes se tornarem uma realidade acessível e um contingente mais amplo do público interno?

          A evolução da tecnologia pode indicar que essa realidade não está longe - tome-se, por exemplo, a televisão, que de artigo de luxo passou a ser um utensílio comum nos lares. Ou seja, novos desafios podem ser vislumbrados nos horizontes do comunicador e da comunicação empresarial. E, sem se resolver e se abraçar no presente e na prática - e não somente na teoria - a comunicação empresarial como uma ação estratégica, como solucionar esse possível desafio que o futuro próximo propõe dentro de realidade organizacional?
          
Caso não sejam pensadas formas de tornar a comunicação empresarial com o público interno um item estratégico, ficará difícil chegar a uma solução. E, com isso, estará se reproduzindo, ratificando e impondo dentro das empresas o mesmo processo que impede que parcela considerável da população tenha o mínimo de igualdade no acesso à informação digital, mesmo que esta ganhe recursos e meios mais e mais fáceis de gerar um volume de dados cada vez maior - mas consumido por poucos.

ELABORADO POR:

FONTE: http://www.comunicacaoempresarial.com.br/revista/04/comunicacoes/comunica8.asp

Comunicação interna e capital intelectual: muito além dos house-organs

COMPONENTES DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO



Quando se fala em "comunicação interna" nas organizações, é comum pensar somente nos dispositivos jornalísticos constituídos por house organs de qualidade informativa duvidosa ou mesmo uma espécie de reprodutor da hierarquia vigente.
          


Muitas vezes, aspectos de comunicação interna referentes à transmissão de informação entre os vários níveis de atuação com fins precípuos de transmitir informações técnicas e/ou tecnológicas são deixados de lado. E é justamente o conjunto de tais informações que, somadas à consolidação de procedimentos geradores de soluções, transforma-se no principal construtor do capital intelectual de uma empresa.
          

O conceito de "dados", "informações" e "conhecimento" merece especial atenção para melhor explicitar a questão. Um dado só se torna uma informação quando for inserido em um contexto de utilidade, quer isso ocorra de forma isolada, quer de forma agrupada com ouros que venham a complementá-lo. Contudo, a validação dessa informação depende, principalmente, de sua divulgação e, conseqüentemente, do conhecimento para selecioná-la, avaliá-la e, quando aplicável, utilizá-la.
      
    Com a transformação da "era da informação" em "era do conhecimento", a divulgação das informações exige maiores critérios de seleção bem como adequação para as diversas instâncias para onde são lançadas.
       

   Com a consolidação da Internet, toneladas de informações surgem assistematicamente, produzindo um verdadeiro "caos" no universo do conhecimento, retirando a possibilidade de resgatar oportunamente sua importância ou oferecer-lhes tratamento que permita sua qualificação para posterior uso.
          Ainda que tal fosse possível, percebe-se outra dificuldade: a permanência (tempo) do registro no ciberespaço, pois, com a mesma rapidez que a informação é inserida, nota-se seu desaparecimento.
          
Neste caso, a informação divulgada, especialmente a de cunho tecnológico, pode perder seu caráter conceitual, retornando a ser apenas "um dado".

          Para gestionar melhor tal situação, é possível às organizações a utilização de ferramentas adequadas para, ao menos, transmitirem entre seus funcionários. Essas ferramentas são consolidadas pelas redes locais automatizadas ou, simplesmente, intranets.

          A comunicação interna da empresa freqüentemente permite visualizar, por seus meios de divulgação, qual é sua hierarquia e o tipo de gestão ali presente. O reflexo disso pode gerar sérias conseqüências no cerceamento de informações técnicas via rede interna bem como a privação de conhecimento com vistas à manutenção do poder.
       

   Sob tal aspecto, segundo AUGENDRE (2005, p.167), se for perguntado a qualquer funcionário de qualquer empresa, principalmente de médio e pequeno porte, qual a maior dificuldade para o desempenho, a resposta será, invariavelmente "a falta de comunicação".


          Não se trata, aqui, de uma análise sobre as notícias salariais ou sobre os eventos promovidos pela empresa e sim até que ponto a falta de uma logística operacional de fluxo de informações está afetando a empresa.

          É necessário saber se os caminhos de comunicação interna permitem ao emissor e ao receptor terem contato com informações relevantes que os auxiliem a bem desempenhar suas funções e otimizar seu trabalho.

          A atuação da empresa em cenários competitivos depende da transformação de um conjunto de informações disponíveis em conhecimento consolidado e aplicado. E esse conhecimento necessita de gestão a fim de constituir o capital intelectual da empresa, hoje tão disputado quanto o capital financeiro da mesma.

          É praticamente impossível dissociar a comunicação interna dos avanços tecnológicos, pois, como já citado anteriormente, devido à avalanche de informações lançadas, seria difícil a transmissão e a recuperação, em tempo hábil, das informações necessárias.

          Logicamente, as informações, ainda que consolidadas são passíveis de muitos ruídos no momento da recuperação, seja pela diferença de interpretação, seja pelo grau de formação de cada indivíduo. Desse modo, a formalização das evidências e a divulgação coletiva das mesmas torna-se fundamental para ra redução sistemática das interferências que a subjetividade pode gerar.

          Será essa formalização que permitirá à empresa, ampliar suas redes locais para transferir e receber informações "interempresariais". A troca contínua de informações, diferentemente do que até recentemente se pensava, não representa uma "ameaça" à competitividade das empresas, pois caberá a cada uma delas transformar tais informações em conhecimento a partir de seu próprio capital intelectual ou, quando muito, filtrar e descartar aquelas que não forem consideradas prioritárias.


          Assim, pode-se notar que a comunicação interna extrapola a análise simplista sobre a elaboração boa ou má de veículos de comunicação uma vez que eles não passam, apenas, de um "dado" para o leitor, sem contexto e/ou utilidade visível.

          Diversamente de uma comunicação de fatos e diante da impossibilidade de adequação de linguagens específicas para cada tipo de usuário, a comunicação interna de informações, via intranet, pode permitir a alimentação em rede, por meio de um sistema que transforme a terminologia em padrão.
          
CHIAVENATO (1987, p. 73), afirma que a tecnologia é algo que se desenvolve nas empresas por meio de conhecimentos acumulados e desenvolvidos sobre tarefas (know-how).

          Diante dessa afirmativa, o capital intelectual das empresa só poderá ser resguardado e multiplicado pelo domínio da tecnologia de do processo de comunicação interna da empresa.

          O próprio cenário competitivo das empresas tem apresentado significativas mudanças, firmando tendências que redirecionam a tecnologia e o conhecimento por elas obtidos ou controlados para fins decisões estratégicas.


          Considerada como um dos principais fatores de sucesso das organizações (ZABOT, p. 58), a tecnologia da informação proporciona infra-estrutura para comunicações vitais. Essas comunicações apóiam decisões, multiplicando a sinergia de esforço para a produtividade.


          O "comunicar-se via rede" altera significativamente a proposta de "computador pessoal" para "computador de equipe". Como conseqüência, ficam disponibilizadas ferramentas, informações e competências pessoais para toda a equipe, socializando o conhecimento.
         
 Uma vez amadurecida a comunicação interna, é possível passar a uma segunda etapa: a da comunicação "intereempresarial". As aplicações particulares que representam o resultado do conhecimento gerado pelo grupo passam a fornecer suporte a clientes que, por sua vez, as controlam, absorvem e transformam em conhecimentos de acordo com sua utilidade.

          A comunicação interna que utiliza tecnologia da informação possibilita equipes com alto desempenho dentro da empresa, tornando permanente o desenvolvimento de novos relacionamentos com esta organização.


          Referências
AUGENDRE, Michel. Les maux de la communication interne. In: CABIN, Philippe; DORTIER, Jean-François, coord. La communication: etat des savoirs. 2. ed. actualisée. Paris: Sciences Humaines, 2005. p. 167-173.
BARBIERI, José C. Produção e transferência de tecnologia. São Paulo: Ática, 1990.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração de empresas: uma abordagem contingencial. São Paulo: Makron, 1986.
CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano. São Paulo: Atlas, 1994.
MORAN, J.M. Influência dos meios de comunicação no conhecimento. Ciência da informação, v. 23, maio/ago. 1994.
QUINN, James Brian; ANDERSON, Philip; FINKELSTEIN, Sydney. Gerenciando o intelecto profissional: extraindo o máximo dos melhores. In: APRENDIZAGEM organizacional: os melhores artigos da Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. p. 77-99.
REVELLI, Carlo. Inteligência estratégica na Internet: como desenvolver eficazmente actividades de monitorização e de pesquisa nas redes. Lisboa: Instituto Piaget, 2000. 251 p.
ROZE, Maris; MAXWELL, Simon. Technical communication in the age of the Internet. 4th ed. New Jersey: Prentice-Hall, 2002. 305 p.
ZABOT, João Batista M. Gestão do conhecimento e organizações do conhecimento: o papel da tecnologia da informação. Dissertação (Mestrado) - Esag, UDESC, Florianópolis.
ZABOT, João Batista M.; SILVA, L.C. Mello da. Gestão do conhecimento: aprendizagem e tecnologia construindo a inteligência coletiva. São Paulo: Atlas, 2002. 142 p.

ELABORADO POR:
Marise Miglioli LorussoMestranda, bibliotecária especialista em planejamento e gerenciamento de sistemas automatizados de informação, professora universitária e consultora empresarial para a área de tecnologia da informação e gestão do conhecimento.

FONTE: http://www.comunicacaoempresarial.com.br/revista/04/comunicacoes/comunica5.asp